Resenha - A Boneca do Mal (The Devil-doll) - Carta Verde

Breaking

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Resenha - A Boneca do Mal (The Devil-doll)



Que melhor maneira de terminar a semana senão com um típico filme de ficção da década de 30? Pois bem, deixo logo adiantado o meu enorme amor e prazer de assistir filmes nesse estilo, principalmente os de orçamento bem baixo. Superando as expectativas dos filmes “trash”, onde o clima comedido e o fator de humor tornam-se inevitáveis, nos clássicos filmes de ficção, podemos encontrar um filme que claramente tenta e, às vezes consegue, entregar um filme digno ao público.
Gostaria de fazer uma menção aqui ao clássico do cinema “Metrópolis”, porém, temos de ter em mente que ele foi um filme de tamanha grandiosidade para a época e seria uma falta de honestidade citá-lo como associação ao filme tratado aqui.




A Boneca do Diabo, filme de 1936 que tem como diretor Tom Browning é um filme bastante simples, entrando na categoria de filmes para se assistir no fim da tarde de domingo. A trama principal, apesar do título, não trata do terror em si, mas sim uma busca de vingança e redenção de um pai para com aqueles que arruinaram sua vida, deixando bem claro a angústia humana das relações sociais e ao mesmo tempo tratando, de maneira superficial, a questão da exploração de recursos e a desigualdade de distribuição dos mesmos na política. Além disso, fica claro a influência da narrativa na questão do real significado de humanidade e suas consequências para a construção das pessoas, retomando a identidade e o isolamento que ficções como "Frankenstein" trataram anteriormente.




No filme, Lionel Barrymore interpreta o protagonista Paul Lavond, um rico banqueiro que acabou sendo enganado por seus colegas de trabalho em um plano para tomar todas as suas riquezas. Paul acaba sendo incriminado e caçado pela polícia de Paris, sendo necessário então que ele retome sua dignidade e prestígio social, além de provar-se apenas uma vítima de todos os acontecimentos que acabaram por destruir a sua vida e a de sua família.
Lionel entrega um trabalho esperado para o círculo de atores da época, porém, ainda que o cinema estivesse caminhando os seus primeiros passos, o astro da época honra sua habilidade no trabalho e consegue arrancar alguns sentimentos reais do telespectador.
Infelizmente não é possível dizer o mesmo dos outros companheiros no filme, com atuações tão toscas ao ponto de se tornarem engraçadas. 


Logo no início da história nós conhecemos os dois personagens que possibilitam que a sonhada redenção de Paul seja possível. Henry B. Walthall e Rafaela Ottiano interpretam dois cientistas loucos que descobriram uma fórmula de diminuir significativamente a estatura de seres vivos, tornando possível a redução de animais e pessoas ao tamanho de bolas de futebol. Cabe aqui fazer uma crítica pois, apesar de tratar um assunto interessante no ramo científico, o filme não aborda de maneira adequada o tema escolhido e faz com que isso fique o tempo todo como uma espécie de pano de fundo da trama principal. Chega ao ponto de ser entediante a maneira preguiçosa que eles decidiram apresentar o assunto, no entanto, mesmo que eu não goste de admitir, a relação familiar entre Paul Lavond e sua filha substitui devidamente tal questão.

Conclusão


A Boneca do Diabo é um filme para assistir junto com a família e os amigos. Engana – talvez propositalmente – os fanáticos por filmes de terror uma vez que o real movimento da história caminha para o sentido oposto. Os temas tratados no roteiro indagam até certo ponto, sempre focando no sentimental dos personagens e nas relações que os mesmos constroem entre si e não apenas na pura e direta reflexão. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Post Top Ad