5 motivos para ler: 1984 - Carta Verde

Breaking

domingo, 5 de março de 2017

5 motivos para ler: 1984




1984 sem dúvidas é um dos livros com abordagem política e moral mais bem escritos do século 20. A distopia traz uma forte semelhança com os regimes autoritários que cresciam fortemente na Europa, como o nazismo alemão e o comunismo russo. Com um peso tão grande quanto a outra obra do autor "Revolução dos Bichos", o livro consegue retratar bem a situação desesperadora de um homem comum com lembranças de um velho mundo lutando com todas suas forças contra um partido que constrói o seu próprio mundo. Sob os três slogans mais característicos do partido nós listamos aqui cinco motivos para não perder essa bela obra de arte que é "1984".

  "Guerra é paz"  
        "Liberdade é escravidão"
              "Ignorância é força"


1 - Grande Irmão




É impossível falar sobre essa obra e não se deparar com a imagem do grande irmão, um homem gigantesco e de olhar sempre vigilante que espreita cada esquina na narrativa. Personificação completa de um partido poderoso e vigilante, a figura do personagem é retratada de forma tão visível e recorrente que sente-se uma certa apreensão ao ouvir seu nome, como que se o personagem escapasse das linhas  entrecortadas do texto e saltasse a nossa realidade, observando entre as paredes cada movimento estipulado que fazemos. Fica fácil de entender do que realmente se trata o grande irmão apartir de um diálogo entre dois personagens na narrativa:

- O Grande irmão existe?
- Clarro que existe. O partido existe. O Grande irmão é a personificação do partido.
- Mas existe da mesma maneira que eu existo?
- Você não existe.


2 - Teletelas




É comum as ficções tratarem de temas que muitas vezes fogem a compreensão atual que o escritor possuia sobre determinados assuntos.
Em "1984", um dos temas mais recorrentes é a falta de privacidade, o sentimento de insegurança e insatisfação ao saber que cada gesto e ação está sendo constantemente monitorado pelo partido através de suas máquinas de espionagens conhecidas como teletelas. Todo cidadão possui obrigatoriamente uma teletela em sua casa, e ela não pode ser desligada um momento sequer, fazendo com que a manipulação de cada indivíduo ocorra de modo incessável.


3 - O Romance




Como não pode faltar em toda história, o grande romance da narrativa acontece entre Julia, uma assistente do partido e Winston, um velho homem que guarda uma certa desconfiança sobre tudo. Contrariando tudo que pode-se esperar de um romance normal, os dois formam
um par que se completa em certos aspectos, mas que sabem muito bem que não dependem um do outro.
Julia foge do padrão da liderança feminina do partido e se destaca por sua personalidade aventureira e sonhadora. Ela participa de uma espécie de liga feminina contra o sexo, um grupo destinado a proclamar o abandono completo das relações afetivas ocorridas no sexo, ideia esta que no decorrer da história podemos ver que é o completamente oposto do que Julia acredita.
Já Winston é o típico homem comum, que achava que a vida era só acordar dia após dia e esperar o momento em que o partido o pegaria, assim como faz com todos os outros. É no momento que conhece Julia que essa sua ideia parece ser abandonada de vez e ele encontra um novo sentido para a vida, ou ao menos um novo modo de ver as coisas que ele achava tão esquecidas.


4 - Proletas




Algo na ideia de uma sociedade onde uma camada de indivíduos inferiores, tratados como proletas, consiga viver de maneira humilhante e degradante em todos os sentidos, mas que ainda assim tenha forças para cantarolar e se divertir parece lembrar muito a nossa
atual sociedade. Os proletas são a representação da classe pobre e infeliz, que está à parte de todo o conjunto de homens importantes e assuntos políticos. São tidos como animais, e assim como animais, constituem a maioria da população.
Os proletas, diferentemente de todos os demais considerados cidadãos não são vigiados por teletelas nem alvo costante dos ataques do partido. Em nenhum momento é possível distinguir se os proletas realmente se importam com o que o partido faz ou se estão cientes das guerras que estão acontecendo, mas mesmo assim é impossível continuar a leitura e não criar uma simpatia muito grande com essas pessoas humildes, nutrindo talvez uma fagulha de esperança de que um dia se levantarão e reconhecerão o seu lugar na sociedade.


5 - O Controle da Mente




Desde o início da leitura de "1984" conseguimos adentrar a mente do protagonista e de certa forma sentir os mesmos temores e conflitos que sua mente convive constastemente. A ideia de que o partido manipula todas os dados estatísticos, como o fato de mudar o tempo todo
de inimigos e aliados de guerra, e também o fato de conseguir controlar as pessoas, como acontece com as crianças que  denunciam os seus próprios pais para a polícia das ideias e o número de profissionais envolvidos em um dicionário linguístico que limite os pensamentos das pessoas, conhecido como Novafala. Como que se já não bastasse, o Ministério do Amor - centro governamental de tortura utilizado pelo partido - ainda captura prisioneiros políticos e outros criminosos e os obrigam a confessar uma infinita lista de crimes não cometidos, por fim os executando sob a alegação de crime contra a pátria, uma clara alusão que Orwell faz aos tribunais de justiça utilizados no antigo regime comunista da extinta União Soviética.

Alguns comentários sobre o livro:

"O maior escritor do século XX" - Observer

"Um profeta que pensava o impensável e dizia o indizível" - Daily Express

"A honestidade e a liberdade intelectual de Orwell às vezes o faziam parecer quase inumano" - Arthur Koestler

"Obra prima terminal de Orwell, 1984 é uma leitura absorvente e indispensável para a compreensão da história moderna" - Timothy Garton Ash, New York Time Review of book

"A obra mais sólida e mais impressionante de Orwell" - V.S. Pritche


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Post Top Ad