A Mágica de Final Fantasy VI - Carta Verde

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segunda-feira, 7 de agosto de 2017

A Mágica de Final Fantasy VI



Final Fantasy 6, sexto jogo da franquia de jogos da série Final Fantasy da empresa Square Enix, é lembrado por grande partes dos fãs como um jogo transitório entre o estilo de jogos tradicionais de rpg e os rpgs voltados para o sentimental dos personagens, fato esse comprovado com as duas sequências que vieram depois: Final Fantasy 7 e Final Fantasy 8, onde os personagens e seus sentimentos eram explorados com bem mais profundidade e realidade.

Sendo lançado primeiramente para a plataforma SNES, o jogo conseguiu surpreender aqueles que aguardavam pela repetição da forma tradicional de jogos da série, como foi feito no seu anterior no Final Fantasy 5, onde os personagens são pouco explorados e o enfoque
maior é na fantasia repassada pelo jogo. Tal proposta tinha suas motivações, uma vez que o pequeno espaço de memória que as plataformas onde esses mesmos jogos eram gravados não possuíam capacidades altas de memória, logo, a história deveria ser resumida o melhor possível.
O mesmo não acontece com Final Fantasy 6, onde, com o decorrer do jogo, começamos a criar afinidade nunca antes estabelecida nos outros jogos com os personagens, conhecendo bem os seus sentimentos, motivações e expectativas do futuro. Talvez seja esse o motivo primordial que fez com que amássemos personagens como Terra, Celes, Cid etc.


Terra junto de Cid e Biggs na cidade de Narshe

Um dos primeiros pontos primordiais que o jogo tenta passar para aqueles que iniciam na jornada de Final Fantasy é a ideia da influência do controle e as formas de repressão que os grandes movimentos totalitários acarretam no mundo todo, fato esse visivelmente explorado
sob a capa do grande império que controla o mundo. Na trama, o imperador conseguiu, por meio dos avanços tecnológicos, expandir seu controle para quase todo o mundo, contando com apenas alguns poucos focos de resistência. A história apresenta o imperador como alguém cruel e ganancioso que possui motivações obscuras de controlar o mundo completamente através do controle das divindades. Este mesmo imperador é seguido pelo vilão mais marcante de Final Fantasy 6, Kefka.


Kefka em sua última forma como vilão

Kefka é inicialmente apresentado em alguns flashbacks e faz a sua real primeira apresentação no Castelo de Figaro, onde o jovem rei Edgar esconde Terra. Kefka é o ponto forte do jogo, ao meu ponto de vista, porque consegue entonar através de suas falas e suas ações a personalidade que esperamos de um verdadeiro vilão. Alguém que possui poucas motivações, porém, todas elas gananciosas e maléficas ao extremo. Como seguidor do imperador, Kefka também planeja controlar todo o mundo através da manipulação das três divindades primordiais, e para isso ele realiza feitos que fazem com que o expectador passe a odiá-lo, como envenenar uma população toda de um castelo, e trair personagens que até pouco tempo antes ele seguia. Apesar de mostrar-se como o típico vilão que só é mau porque gosta de ser mau, ele mantêm-se fiel aos seus princípios e ideais do início ao fim do jogo, não ocorrendo nenhuma espécie de reconciliação.


Kefka envenena população de castelo

Outra parte muito bem explorada do jogo é a questão dos espers. Na história, os espers eram seres mágicos que habitavam o mundo a muito tempo atrás. Um dia, os humanos começaram a caçar e capturar os espers por todo o mundo, então uma dessas criaturas mágicas criou um portão mágico que os separou da humanidade por décadas. No mundo mágico em que os espers ficaram isolados, nenhum humano é permitido, e mais a frente do jogo descobrimos que lá é o início de toda a história de uma das personagens principais. 
A história geral dos espers é uma clara relação estabelecida entre os impactos que a caça e a exploração de um determinado grupo específico de pessoas acarreta na mentalidade de proteção e medo dos mesmos, onde os espers podem ser comparados aos índios que sofreram com o derramamento de sangue e a exploração provindas dos colonizadores.
Tal fato fica ainda mais evidenciado quando descobrimos a existência da grande fábrica do império, onde corpos de espers são aprisionados em recipientes de vidro. Nesses recipientes, a energia vital dos espers é drenada até o ponto em que eles ficam fracos demais e acabam sendo despejados para apodrecer na prisão no interior da fábrica.


A equipe de protagonistas encontram com um esper

Ainda nessa importância que a trama toda dá ao império, podemos notar que, apesar de encontrarem-se restritos pela incapacidade de controlar a magia, o império conseguiu obter uma alternativa que, senão melhor, foi uma ótima maneira de impor-se sobre todos aqueles
que não a possuíam: a tecnologia.
A tecnologia é tão bem explorada nesse jogo, com todas as suas cidades avançadas, barcos voadores, grandes fábricas e máquinas de guerra, que é impossível não reparar nesse ambiente construído. Vale mencionar aqui os "Magitec", criaturas robóticas muito semelhantes aos famosos Chocobos da série, porém com um aspecto mais mecânico e futurista. Realmente parece que os produtores buscam a quebra com o normal nesse game, e uma das apostas novas em que eles acertaram em cheio foi a tecnologia.


Concepção das armaduras Magitec no jogo Final Fantasy XIV

Portanto, Final Fantasy 6 é um jogo que apresenta de tudo um pouco, mostrando-se como uma peça fundamental na incorporação dessas mesmas características nos jogos seguintes. É um jogo que foca muito bem no emocional de seus personagens e, ainda assim, impressiona com as qualidades físicas do mundo criado, sendo colocado sempre os dois lados da moeda, de suma importância para construir um universo ficcional: as causas e os seus efeitos.
Para aqueles que ainda não conhecem o jogo, ele é mais do que recomendado, principalmente para os verdadeiros fãs da saga Final Fantasy. Apesar de não trazer a mesma perspectiva comum que os jogos anteriores, a diversão é garantida e as homenagens aos jogos anteriores também são louváveis.

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